- Empresária, fundadora do projeto social Beleza Solidária e ativista das causas sociais e femininas
Em 2020, a Inoar Cosméticos, por meio de uma iniciativa de Inocência Manoel, assinou o compromisso da ONU pela Igualdade de Gênero. Nesta edição de março, em que comemoramos o Dia Internacional da Mulher, vamos falar com a empresária sobre este tema que diz respeito a todos nós e às gerações futuras.
Inocência, em linhas gerais, qual a importância de movimentos em prol da igualdade de gênero hoje?
A igualdade de gênero não é apenas um direito humano fundamental, hoje ela é uma urgência.
Ter mulheres e meninas com os mesmos direitos que homens e meninos é a base necessária para a construção de um mundo pacífico, próspero e sustentável.
Infelizmente, essa é uma barreira daquelas que temos que transpor se quisermos fazer algo real pelo mundo. Porque há um caminho muito grande até promovermos uma mudança efetiva.
O quanto as mulheres ainda sofrem com a desigualdade de gênero em 2021?
Vou te trazer alguns dados, pois contra eles não há argumentos. Um relatório publicado pelas Nações Unidas apontou que 2,8 bilhões de mulheres e meninas estão vivendo desprotegidas pelos governos de seus países.
Uma pesquisa do Fórum Econômico Mundial mostrou que a desigualdade de gênero no mundo é de 32% – ou seja, mulheres têm apenas 68% dos direitos, oportunidades e recursos acessados pelos homens no mundo.
Uma outra pesquisa, da empresa Mercer, revelou que no trabalho as mulheres constituem 47% do pessoal de apoio e 42% dos cargos de nível profissional, mas apenas 29% e 23% dos cargos de nível sênior e executivo, respectivamente.
E por que não conseguimos mudar esses números?
A cultura machista está impregnada em nossa sociedade, e muitas pessoas negam esse cenário, mesmo com a apresentação de números tão concretos. Foram notícias recentes alguns casos de estupros de meninas e crianças e que mesmo diante da violência, grande parte da sociedade acredita que é o comportamento da mulher (ou de uma criança) que motivou os atos.
Essa cultura do patriarcado e as desigualdades históricas entre os sexos são os vetores deste cenário aterrador, em que a cada dois segundos, uma menina ou mulher é vítima de violência física, segundo o Instituto Maria da Penha.
E por onde a gente começa a mudar isso?
O problema é bastante sistêmico, e a primeira coisa a mudar é a nossa própria forma de pensar e de agir. Num ambiente de trabalho, por exemplo, temos que reunir dados e traçar metas de igualdade de gênero, por exemplo. Por isso assinei, em 2020, o nosso engajamento com o movimento Equidade é Prioridade, da ONU. A equidade é prioridade uma vez que ainda há um desequilíbrio muito grande e pouco incentivo para meninas e mulheres estarem nos cargos de alta liderança e vencerem preconceitos já tão enraizados.
No dia a dia, fora do ambiente corporativo, todos podem fazer sua parte. Dividir tarefas domésticas, repreender atitudes machistas, denunciar abusos, eleger mulheres, são coisas que todos podemos fazer pois estamos ajudando a equilibrar uma diferença que está longe de acabar – mas não podemos desistir.
Inocência, você tem uma vida que inspira muitas meninas e mulheres. Que recado deixaria a elas?
Eu comecei a trabalhar muito cedo, em Assis, no salão da D. Nida. Aprendi muito com ela, saí de casa nova, fui mãe solo, abri uma empresa, fechei, abri outra.
Se não fosse o apoio de uma rede enorme de mulheres em minha volta, e de alguns homens que também souberam me valorizar, sem preconceitos, eu não estaria onde estou.
Todas nós temos em nossas mãos o poder de mudar o mundo. Não se intimide. A nossa força é o que nos move para a frente. Não fique calada. Nós nascemos para caminhar lado a lado na liderança. Nenhum passo atrás.