Por Dr. Eduardo Andreghetti CRM-SP 31626 / RQE 1702
O Dr. Eduardo Andreghetti, do Instituto de Oftalmologia de Assis – IOA, orienta sobre as doenças que mais afetam a visão das crianças e salienta sobre os indícios do aumento da miopia em crianças pelo uso de smartphones, videogames e tablets.
A primeira avaliação das crianças ocorre ainda na maternidade, com o Teste do Olhinho, realizado pelo pediatra, que serve para diagnosticar precocemente doenças graves do bebê, como a catarata congênita, glaucoma congênito e até tumores oculares. Nas crianças prematuras, principalmente com peso menor que 1500 gramas e que tenham recebido muito oxigênio no berçário, o exame oftalmológico deve ser realizado logo no primeiro mês de vida pelo fato de ser feito diagnóstico da retinopatia da prematuridade, que é uma doença grave, e se o tratamento for realizado precocemente pode ser preservada a visão. O mesmo é indicado para crianças cujas mães apresentaram intercorrências, como doenças infecciosas ou hipertensão arterial durante a gravidez. Em crianças nascidas no período de gravidez normal a recomendação é que o primeiro exame completo com o Oftalmologista seja feito em torno de 6 meses de idade, sendo feito inclusive a medida do grau da criança. Estando tudo bem uma avaliação anual é suficiente.
Ambliopia – É a falha no desenvolvimento da visão de um ou de ambos os olhos. Pode ocorrer por anisometropia (diferença de grau entre os olhos), por grau elevado, por estrabismo, por catarata congênita ou doenças que afetam o desenvolvimento dos olhos. Na maioria das vezes, a criança não apresenta sintomas, sendo geralmente a doença diagnosticada na consulta com o oftalmologista.
Estrabismo – É o desvio ocular que pode ser para a direção do nariz ou para o lado de fora, pode aparecer logo no nascimento ou durante a primeira infância. Se for causado por um desequilíbrio nas forças musculares (nos músculos que movimentam os olhos) e sendo de grande ângulo, o tratamento cirúrgico pode ser necessário precocemente.
Outra causa do estrabismo é a alta hipermetropia, que pode gerar o chamado estrabismo acomodativo. Neste caso o tratamento é com o uso de óculos.
Ametropias (miopia, astigmatismo, alta hipermetropia) – Estes chamados “erros de refração” indicam a necessidade do uso de óculos quando fatores relatados pelos pais como “não gostar de estudar”, por exemplo , e na realização do exame oftalmológico, constata-se a necessidade do uso de lentes corretivas e que o fato de a criança não enxergar direito é o que a está desestimulando.
“É importante levar a criança ao oftalmologista regularmente, desde o nascimento”, reforça o especialista.
Vale lembrar que estudos recentes têm relacionado especificamente o excesso de uso de eletrônicos com o aumento nos casos de miopia precoce, a dificuldade em enxergar objetos que estão longe. No Brasil, em 2014, um estudo realizado pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia mostrava que 21% das crianças entre 9 e 13 anos que utilizavam computador e ou videogame por seis horas ininterruptas desenvolveram algum grau de miopia. ”Para cada idade existe uma recomendação do tempo ideal para a utilização de eletrônicos. O oftalmologista pode orientar quanto a estes limites, explica o Dr. Eduardo Andreghetti.