O primeiro sinal é, geralmente, uma hemorragia vaginal sem estar associada a um período menstrual.
Por Mayra Triveloni
A oncologia talvez seja a área da ciência médica de maior volume de pesquisas e aporte de recursos, consequentemente de mais significativos avanços técnicos nas últimas décadas. Na área da ginecologia concentram-se muitos destes novos conhecimentos, que trouxeram um saber mais profundo acerca destes tipos de patologias, resultando em melhores diagnósticos, tratamentos e acréscimo da qualidade de vida para pacientes no mundo todo.
Podemos exemplificar essa realidade apresentando os avanços no conhecimento científico a respeito do câncer de Endométrio. De todos os tumores da genitália feminina 11% são do corpo uterino; destes, 90% são representados pelo câncer de endométrio. Um tipo comum de neoplasia que afeta, em sua maioria, mulheres entre 60 e 70 anos. “O endométrio é a camada mais interna do útero e sofre ação dos hormônios sexuais: o estrogênio e a progesterona. Portanto, durante a fase reprodutiva da mulher o endométrio tem atividade relacionada ao ciclo menstrual”, comenta o médico ginecologista e obstetra, Dr. Milton Burlim Junior, que esclarece a seguir mais dúvidas sobre o assunto.
Dr. Burlim explica que o estrogênio estimula o endométrio e a progesterona o mantêm para uma possível gestação que virá durante este ciclo. “Caso não aconteça a gestação, ocorre o descame desse tecido endometrial – que é a menstruação; durante os extremos da vida – antes da primeira menstruação e após a última menstruação -, o endométrio não tem função, justamente pela ausência da atividade hormonal”, esclarece.
As mulheres têm um risco de 2,6% de desenvolverem neoplasia de endométrio durante a vida, correspondendo a cerca de 3,6% de todos os cânceres femininos. É importante lembrar que o câncer de endométrio tem cura quando é devidamente diagnosticado e tratado.
ES. Quais são os sintomas suspeitos e os tipos de neoplasias de Endométrio?
Dr. Milton Burlim Junior: a ação inicial do endométrio é a menstruação – o que é um sinal de normalidade. É mais comum a incidência de câncer de endométrio após a menopausa ou em pacientes que estão no climatério – aquela fase final entre a última menstruação e a vida reprodutiva. O que ocorre então? Inicialmente, o principal sintoma é o sangramento; todo sangramento na paciente que está na menopausa deve ser investigado. Existem diferentes tipos de neoplasias endometriais, algumas delas relacionadas à exposição estrogênica durante a vida, paciente obesa, diabética, hipertensa – uma síndrome plurimetabólica. As pacientes magras que não têm a relação com o estrogênio apresentam tipos tumorais distintos. O câncer de endométrio mais comum é o adenocartinoma endometrial.
ES. Como é feito o diagnóstico?
Dr. Milton Burlim Junior: o diagnóstico é feito através de uma biópsia do endométrio. O exame padrão ouro para o diagnóstico, em que você pode ver a totalidade da cavidade endometrial e avaliá-la de maneira adequada é a histeroscopia, no entanto, nem todas as cidades disponibilizam o exame. Neste caso, pode ser feita a curetagem uterina semiótica para o mesmo fim.
ES. Qual o tratamento indicado?
Dr. Milton Burlim Junior: em se tratando de neoplasias endometriais, o melhor tratamento é o cirúrgico. Caso haja necessidade, seguimos, posteriormente, com a radioterapia e a quimioterapia. É sempre válido lembrar que a neoplasia de endométrio tem alguns fatores de risco: as mulheres no climatério que fazem uso de terapia hormonal, as pacientes que têm síndromes plurimetabólicas, as pacientes com antecedentes de câncer de mama que fazem uso de tamoxifeno – uma substância que auxilia a supressão do câncer de mama, no entanto, estimula o crescimento do endométrio. E as pacientes com síndromes hereditárias, como a síndrome de Lynch, que também faz parte do câncer de ovário, do câncer de cólon e do câncer de mama. Se houver histórico familiar também deve ser investigado.